domingo, 29 de novembro de 2009



“ Mais um momento tedioso na minha vida, eu estava sentada no banco da parada de ônibus, no fim de mais um dia de trabalho stressante. Sempre fico bastante desligada nesses lugares, é tudo tão monótono. Chegar, esperar, levantar, entrar, às vezes sentar... E assim por diante. Porém no meio de toda essa rotina, eu resolvi olhar ao meu redor, e me deparei com uma garota linda, tão linda que ofuscava minha vista.

- Meu Deus, como poderia existir no mundo uma pessoa tão linda como ela?

Foi à primeira coisa que passou na minha cabeça.

- Ah. Ela deve ter no mínimo uma namorada ou um namorado, sei lá.

Voltei a olhar pra frente e tentar esquecer, pois sabia que não teria a mínima chance com ela. O engraçado é que ela sentou ao meu lado, soltou um sorrisinho e perguntou as horas, detalhe, eu não estava usando relógio, e isso era bem visível, pois, eu usava uma blusinha sem mangas e minhas mãos estavam em cima da perna. Mas mesmo assim eu a respondi com toda educação possível:

- Desculpa, mas eu não sei te dizer, estou sem relógio. (soltei um leve sorriso)

- Tudo bem, foi apenas uma desculpa para falar com você. Pois percebi que se eu não falasse você não iria nem olhar pra mim. Lara, prazer!

- Você é bastante tímida, não é?

Fiquei completamente vermelha de vergonha, não imaginei que ela pudesse ser tão direta. Juro que fiquei perplexa com a coragem que ela teve de falar, coisa que eu não faria. Às vezes acho que..., às vezes não sempre, que minha timidez é totalmente prejudicial.

- Sophia, o prazer é todo meu. E sim, sou bem tímida, acho que às vezes isso prejudica, principalmente quando quero conhecer alguém que não é nem um pouco “direta” como você. (abri um lindo sorriso, algo que admiro em mim)

Ficamos uns dez minutos conversando, os dez minutos mais rápidos da minha vida por sinal, foi tudo tão maravilhoso e cada palavra que ela dizia iluminava o seu rosto, me deixando cada vez mais apaixonada. Acho que não existem paixões a primeira vista, ou existe? Uma dúvida predominava a minha mente.
Eu passava horas à espera de um ônibus quando estava sem meu carro, e logo no momento que eu mais queria ficar ali sentada, conversando com ela, o ônibus passa. Foi como se eu tivesse que abandonar um amor pra sempre, senti isso ao imaginar que subiria naquele ônibus, mas eu tinha uma esperança imensa que ela me pedisse pra ficar.

- Eu acho que preciso ir agora, a não ser que... Esqueci.

- Acho melhor você ir, esta tarde, mas poderíamos marcar algo não é? Você me faz sentir algo muito bom, queria sair com você essa noite. Pode ser?

Meu Deus, fiquei radiante com esse pedido dela, eu não esperava o momento de chegar em casa tomar um bom banho e sair pra encontrá-la.

Ela me perguntou:
- Posso pegar seu número?
- Pode sim, lógico (...)

Entrei no ônibus, sentei na primeira cadeira que avistei vazia, não conseguia parar de pensar nela. Foi uma viagem tão rápida que quando parei pra perceber já estava na minha parada, desci sorridente e feliz da vida. Ao chegar em casa, como sempre a dificuldade pra encontrar a chave na bolsa, mas nada me incomodava nesse momento.Entrei,joguei as coisas em cima da mesa e corri para tomar banho, depois de todos os rituais de um bom banho fui eufórica a procura de uma roupa linda.

- Vestido preto?

- não, muito básico.

- Huum, que tal uma roupa vermelha? (kkkkkk)

- Acho que nem tenho isso no guarda-roupa.

- Um bom jeans, blusa branca, all star e uma echarpe. ÓTIMO!

Nunca gostei de passar horas escolhendo roupa, sempre achei o básico muito mais elegante, agora na maquiagem, adoro um blush e muito lápis preto. Depois de todos os preparativos fiquei sentada no sofá assistindo... não posso nem dizer o que estava assistindo, pois não lembraria o que se passava na TV, na verdade estava apenas sentada, com a televisão ligada e meus pensamentos voltado a garota dos meus sonhos, minha Lara.
Telefone tocou, poderia dizer que corri apresada pra atender, mas isso nem poderia acontecer, porque o celular estava na minha mão a todo o momento, pra dizer a verdade até quando eu estava a tomar banho ele ficou na mesinha do banheiro. Voltando pra parte que interessa, atendi feliz da vida.

- Oi!

- Olá Sophia, tudo bem?

- Tudo sim, que dizer melhor agora.
(Ouvi seus risos suaves e fiquei ainda mas encantada)

-Eu queria muito ir te buscar, e ai veríamos pra onde ir.

-Ótimo (...)

Uma longa conversa pelo telefone, expliquei-a meu endereço e desliguei. Pulei do sofá, e corri para arrumar melhor a casa, eu no fundo sabia que não tinha o que arrumar, sempre fui bastante perfeccionista, então, nada estaria fora do lugar ou empoeirado. Já que nada estaria fora do lugar eu fui retocar a maquiagem e colocar um pouco mais de perfume. Tudo perfeito, agora só esperar por ela.
Campainha toca, levanto fazendo os últimos retoques e vou logo atender a porta.

- Que bom que você não se perdeu. (soltei um leve sorriso)

- É um pouco longe, mas por você vale à pena.

Essas foram às suas últimas palavras. Sentamos no sofá, seus olhos nos meus, sua boca vinda em direção a minha. O beijo. O beijo tão esperado, tão carinhoso, tão malicioso, tão nosso. Suas mãos não demoraram a percorrer meu corpo, me apertando, me pressionando. Ah... Aquela mão me deu um choque elétrico. Levantei e fiquei a sua frente, não havia música alguma tocando, mas pra mim era como se tivesse música em meus ouvidos, me levando a cada movimento.
Senti-me empurrada, cai de costas no sofá. Outro beijo, as mãos dela percorrendo todo meu corpo, arrancando minha roupa. Tudo tão mágico, em plena sintonia, nunca tinha vivido momento tão perfeito como este. Passamos horas e horas ali, naquele sofá, nos amando como nunca tinha acontecido com nenhuma outra pessoa.

Amanheceu e eu estava deitada ao seu lado, não tinha nada mais bonito do que vê-la dormindo, uma pele macia, suave e branca, seus cabelos pretos e liso estavam completamente assanhados, isso era encantador.
Levantei e fui preparar-lhe um maravilhoso café da manhã. Abri a geladeira e tinha apenas frutas e uma jarra de suco.

- Maças, peras, uvas (...)

- Suco de laranja.

Quando menos esperei, senti ela me abraçar por trás, beijou meu pescoço e desejou-me um bom dia. Que voz mais linda, que sorriso mais belo.

- Eu estava lhe preparando um café da manhã.

- Oh, meu amor. Que lindo, mas eu prefiro que você seja o meu alimento.

Seu sorriso malicioso me enlouqueceu, apesar de que tudo nela me enlouquecia. Então a agarrei e beijei-a e novamente nos amamos, nem melhor ou pior que antes, cada momento era único, especial (...)

Passamos todo o final de semana trancadas no meu apartamento, celulares desligados, avisos na portaria para que não nos incomodassem. Ficamos ali, apenas nos conhecendo e nos amando cada vez mais. Conversamos, brincamos, aprendemos, vivemos a cada segundo que se passava.
Nada era tão perfeito que pudesse durar eternamente, então chegou à segunda-feira, maldita segunda-feira. Eu teria que deixá-la e ir trabalhar, isso era doloroso, queria passar todos os dias da minha vida deitada ao seu lado. Mas, como isso não era possível me despedi dela com um longo beijo e fui trabalhar (...)

Nunca nos separamos mais que o horário de trabalho, tudo tão corrido e cansativo, mas quando lembrávamos que ao voltar pra casa estaríamos uma nos braços da outra tudo era superado. E assim se passou 6 anos, longos e maravilhosos anos.
Cheguei atrasada em casa do trabalho, louca pra encontrar meu amor, minha pequena, minha Lara, desci do carro, peguei algumas sacolas com umas compras e corri para o elevador.

- Que demora se não fosse as compras eu iria de escada.

O elevador chegou, entrei, apertei o botão umas 3 vezes, queria chegar em casa o mais rápido possível. Chegou, toquei a campaninha pois não teria condições de procurar as chaves com as compras na mão. Ela abre a porta, linda como sempre, sorri e me ajuda com as compras, depois de tudo guardado ela me abraça, me beija tão feliz e diz que tem uma noticia maravilhosa pra me dar.

- Amor, estou tão feliz e tenho certeza que você também ficará.

- O que foi? Não me diga que (...). Meus olhos encheram de lágrimas.

- É meu amor, a assistente social veio aqui hoje pela manhã e adorou a nossa casa, disse que a Maria Flor vai ser nossa filha, e que amanhã poderemos buscá-la.

Eu chorei abraçada a mulher da minha vida, chorei de emoção, de alegria, chorei por realizar um sonho, nosso sonho. Agora tinhamos mais certeza que nunca que ela seria nossa filha, nossa tão amada filha.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário